Jesus Salvador


Jesus: caminho, verdade e vida

... Foi por você.
Que Eu me deixei ser tão chagado
e ferido
por isso sinta-se amado e
querido
pois é o meu amor
que cura sua dor...

(Mas Ele foi castigado por nossos crimes
e esmagado por nossas iniquidades
O castigo que nos salva pesou sobre Ele
fomos curados graças as suas Chagas)
[ Isaías 53,5]

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Quaresma preparação para a Páscoa do Senhor


O RELÓGIO DA PAIXÃO
DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

18:00 hs. A PREPARAÇÃO DA PÁSCOA



Conservareis a memória daquele dia, de geração em geração. Vendo o sangue, (do cordeiro) passarei adiante, e não sereis atingidos pelo flagelo destruidor. (Ex 12, 14.13)
Onde queres que preparemos a ceia pascal? - Meu tempo está próximo. É em tua casa que celebrarei a Páscoa com meus discípulos. (Mt 26, 17-18)
Raiou o dia dos pães sem fermento, em que se devia imolar a Páscoa. Jesus enviou Pedro e João, dizendo: Ide e preparai-nos a ceia da Páscoa. Perguntaram-lhe eles: Onde queres que a preparemos? Ele respondeu: Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem carregando uma bilha de água; segui-o até a casa em que ele entrar, e direis ao dono da casa: O Mestre pergunta-te: Onde está a sala em que comerei a Páscoa com os meus discípulos? Ele vos mostrará no andar superior uma grande sala mobiliada, e ali fazei os preparativos. Foram, pois, e acharam tudo como Jesus lhes dissera; e prepararam a Páscoa. (Lc 22, 7-13)

Pai Nosso..., Ave Maria..., Glória ao Pai...

Pela sua dolorosa Paixão; tende Misericórdia de nós e do mundo inteiro.

Meu Jesus, perdão e Misericórdia, pelos méritos de Vossas santas Chagas.

Foi ontem à noite que se efetuou em Betânia e a última e grande refeição de Nosso Senhor e dos seus amigos, em casa de Simão, curado da lepra por Jesus e durante a qual Maria Madalena ungiu Jesus pela última vez. Judas, indignado com isso, correu a Jerusalém, onde negociou ainda uma vez com os príncipes dos sacerdotes, para entregar-lhes Jesus. Depois da refeição, voltou Jesus à casa de Lázaro e uma parte dos discípulos dirigiram-se à albergaria, situada fora de Betânia. Nicodemos veio ainda de noite à casa de Lázaro, onde teve longa conversa com o Senhor; voltou a Jerusalém antes do amanhecer, acompanhado numa parte do caminho por Lázaro.

Os discípulos já tinham perguntado a Jesus onde queria comer o cordeiro pascal. Hoje, antes da madrugada, Nosso Senhor mandou vir Pedro e João e falou-lhes muito de tudo que deviam comprar e preparar em Jerusalém; disse-lhes que, subindo o monte Sião, encontrariam um homem com um jarro de água. (Eles já conheciam esse homem, pois fora quem já na última Páscoa, em Betânia, preparara a ceia de Jesus; por isso diz S. Mateus: um certo homem). Deviam segui-lo até a casa em que morava e dizer-lhe: “ O Mestre manda avisar-te que seu tempo está perto e que quer celebrar a Páscoa em tua casa”. Deviam pedir que lhes mostrasse o Cenáculo que já estaria preparado e fazer-lhe depois todos os preparativos necessários.

QUARESMA e o seu significado

É tempo de praticar jejum/abstinência, oração e esmola.
A tentação de Jesus manifesta a maneira que o Filho de Deus tem de ser Messias o oposto da que lhe propõe Satanás e que os homens desejam atribuir-lhe. É por isso que Cristo vence o tentador por nós: "Pois não temos um sumo sacerdote incapaz de compadecer-se de nossas fraquezas, pois Ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado" (Hb 4,15). A Igreja se une a cada ano, mediante os quarenta dias da Grande Quaresma, ao mistério de Jesus no deserto.
É por isso que a Igreja, particularmente no advento, na quaresma e sobretudo na noite de Páscoa, relê e revive todos esses grandes acontecimentos da história da salvação no "hoje" de sua liturgia. Mas isso exige também que a catequese ajude os fiéis a se abrirem a esta compreensão "espiritual" da economia da salvação, tal como a liturgia da Igreja a manifesta e no-la faz viver.
Os tempos e os dias de penitência ao longo do ano litúrgico (o tempo da quaresma, cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja. Esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às peregrinações em sinal de penitência, às privações voluntárias como o jejum e a esmola, à partilha fraterna (obras de caridade e missionárias).


MUITA LUZ NESSA QUARESMA!!!

"LEMBRAR QUE A QUARESMA É UM TEMPO DE SACRIFÍCIO NOSSO, DEUS NÃO PRECISA DO NOSSO SACRIFÍCIO, NÃO SERÁ MAIS DEUS PELO NOSSO SACRIFÍCIO, O SACRIFÍCIO É PARA NOSSA SANTIFICAÇÃO, POIS NESSES QUARENTA DIAS TEREMOS UM EXERCÍCIO QUE NOS PREPARARÁ PARA A RESSURREIÇÃO, SÃO QUARENTA DIAS DE JEJUM E ABSTINÊNCIA PARA NOS PROVAR QUE NÃO SOMOS ESCRAVOS DE NADA, PRINCIPALMENTE NA NOSSA CARNE, É UM TEMPO PARA EM ORAÇÃO, DESCOBRIRMOS QUE O NOSSO ESPÍRITO PODE E DEVE DOMINAR A NOSSA NATUREZA HUMANA DE PECADO".

Penitência



A Penitência é a volta.

Quase todo dia a gente cai e se levanta.
Pequenas quedas e grandes tombos.
Ninguém quer ficar no chão.
A gente pisa em falso porque não enxerga bem os passos e o caminho de Jesus.
Erramos de caminho.
Atrapalhamos a caminhada uns dos outros.
Deus sempre dá a mão para a gente se deixar reconduzir.
No sacramento da Penitência celebramos a coragem de pegar de novo na mão de Deus e voltar a andar no caminho dele, que é o caminho da irmandade.


Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus e ao mesmo tempo são reconciliados com a Igreja que feriram pecando, e a qual colabora para sua conversão com caridade, exemplo e orações.
A confissão consiste em um sacramento instituído por Jesus Cristo no qual o sacerdote perdoa os pecados cometidos depois do batismo.
Sobre o sacramento da Confissão, devemos analisar o seguinte:

Os homens pecam.

Diz a Sagrada Escritura: "O justo cai sete vezes por dia" (Prov 24, 16). E se o próprio justo cai sete vezes, que será do pobre que não é justo?

"Não há homem que não peque" (Ecl 7, 21).

"Aquele que diz que não tem pecado faz Deus mentiroso" (1 Jo 1, 10).


Nosso Senhor instituiu um sacramento.

Qual é o meio que existe para alcançar o perdão dos pecados? Nos diz São João: "Se confessarmos os nossos pecados, diz o Apóstolos, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e purificar-nos de toda injustiça" (1 Jo 1, 8).

Todavia, "aquele que esconde os seus crimes não será purificado; aquele, ao contrário, que se confessar e deixar seus crimes, alcançará a misericórdia" (Prov. 38, 13). "Não vos demoreis no erro dos ímpios, mas confessai-vos antes de morrer" (Ecl 17, 26).

A confissão não é nova, já existia no Antigo Testamento, mas foi elevada à dignidade de Sacramento por Nosso Senhor, que conhecia a fraqueza humana e desejava salvar seus filhos.

No dia da ressurreição, como para significar que a confissão é uma espécie de ressurreição espiritual do pecador, "apareceu no meio dos apóstolos... e, mostrando-lhes as mãos e seu lado... lhes disse: A paz esteja convosco. Assim como meu Pai me enviou, eu vos envio a vós. ...soprando sobre eles: recebei o Espírito Santo... Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 21, 21-23). O mesmo texto encontra-se em S. Mateus (Mt 28, 20).

Como tudo é claro! Nosso Senhor tinha o poder de perdoar os pecados, como se desprende de S. Mateus (Mt 9, 2-7). Ele transmite esse poder aos seus Apóstolos dizendo: "assim como o Pai me enviou", isto é, com o poder de perdoar os pecados, "assim eu vos envio a vós", ou seja, dotados do mesmo poder. E para dissipar qualquer dúvida, continua: "soprando sobre eles: Recebei o Espírito Santo..." como se dissesse: Recebei um poder divino... só Deus pode perdoar pecados: pois bem... "Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 21, 21-23).

A conclusão é rigorosa: Cristo podia perdoar os pecados. Ele comunicou este poder aos Apóstolos e por eles aos sucessores dos Apóstolos: pois a Igreja é uma sociedade "que deve durar até o fim do mundo" (Mt 28, 20).

O livro dos Atos dos Apóstolos refere que quem se convertia "vinha fazer a confissão das suas culpas" (At 19, 18). Aqui nós começamos a refutar uma argumentação dos protestantes: cada um se confessa diretamente com Deus.





Oração

"Senhor e Mestre de minha vida,
afasta de mim o espírito de preguiça,
de abatimento, de domínio, de loquacidade,
e concede a mim, teu servo, um espírito de integridade,
de humildade, de paciência e de amor.
Sim, Senhor e Rei,
concede ver meus pecados e não julgar meus irmãos"
porque és bendito pelos séculos dos séculos. Amém.

Por que esta pequena e simples oração ocupa um lugar tão importante em toda a vida litúrgica da Quaresma? Porque enumera, de um modo singular, todos os elementos positivos e negativos do arrependimento e constitui, de algum modo, uma espécie “checking list” de nosso esforço individual de Quaresma. Este esforço aponta primeiro a nossa libertação de algumas enfermidades espirituais fundamentais que dão forma à nossa vida e que tornam virtualmente impossível para nós, inclusive, iniciar o nosso retorno para Deus.

Então, negativos:

1.Indolência
2.Desalento
3.Vanglória
4.Loquacidade (palavras vãs, inúteis)

Finalmente, a coroa e fruto de todas as virtudes, de todo o crescimento e esforço é o amor – o amor que, como temos dito, só pode ser dado por Deus – este dom que é a meta de toda a preparação e prática espiritual.

Então, Positivos:

1.Castidade
2.Humildade
3.Paciência
4.Amor.

Cultivamos o hábito de rezar antes de tomarmos decisões importantes?

Todo cristão que cultiva o hábito da oração pode testemunhar sua importância na vida cotidiana. Quando rezamos de modo correto, buscando a intimidade com Deus, permanecendo abertos a Ele, nos “conformando” em Cristo (no sentido de nos deixarmos moldar segundo seu plano de amor), a oração produz extraordinários resultados. E entre esses resultados sempre se inclui, certamente, uma orientação segura com vistas ao Bem.

Quem não tem tais preocupações, talvez creia que o bem seja uma questão de gosto e escolha pessoal. Decide sobre ele mais ou menos como seleciona uma gravata ou um perfume, desatento para o fato de que perfumes e gravatas são opções inconseqüentes, não-comparáveis com aquelas que influenciam nossas vidas e as vidas dos demais. Aquele que reza encontra o bem no Absoluto que é Deus, perante quem seus gostos se tornam relativos.

Ora, essa facilidade em identificar o Bem mediante a entrega livre, criativa e atuante ao plano de Deus (que considero entre as principais conseqüências da oração do cristão), resulta muitas vezes subestimada, mesmo entre os que têm o hábito de rezar. Será que fazemos isso, sempre, antes de tomarmos uma decisão importante, ou deixamos para rezar depois de agir, encarecendo a Deus que faça com que nossa decisão dê certo? Por outro lado, ao rezar antes da decisão, nos colocamos na atitude de quem busca apenas o bem, segundo a vontade de Deus, ou rezamos para que seja da vontade de Deus aquilo que consideramos como nosso bem?


Hoje, a oração, o jejum e a esmola não perderam a atualidade, e continuam a ser propostos como instrumentos de conversão. A estes meios clássicos podemos acrescentar outros, em ordem a melhorar a relação com Deus, conosco próprios e com os outros.

E o maior dentre eles é o amor. O amor é criativo e encontra formas sempre novas de viver a fraternidade. Permite-nos que contribuamos para a sinceridade do coração e a coerência das atitudes no caminho da paz. Faz-nos evitar a crítica maldizente, os preconceitos e os juízos acerca dos outros, favorece a autenticidade da vida cristã. E tem como obstáculos a vencer o egoísmo e orgulho, que impedem a generosidade do coração.

Estamos hoje diante de um convite veemente: CONVERTEI-VOS E ACREDITAI NO EVANGELHO. O Evangelho é o próprio Cristo, que nos convida à conversão interior, à mudança de mentalidade para acolher o Reino de Deus e para anunciar a Boa notícia.

Jejum


Que é o jejum e como é usado como uma disciplina espiritual? A Bíblia diz em 2 Crônicas 20:3 “Então Jeosafá teve medo, e pôs-se a buscar ao Senhor, e apregoou jejum em todo o Judá.”
O jejum é uma forma de demonstrar a Deus a nossa grande necessidade da Sua ajuda. A Bíblia diz em Esdras 8:21 “Então proclamei um jejum ali junto ao rio Ava, para nos humilharmos diante do nosso Deus, a fim de lhe pedirmos caminho seguro para nós, para nossos pequeninos, e para toda a nossa fazenda.”
O jejum não deve ser usado para fazer uma boa impressão nos outros. A Bíblia diz em Mateus 6:17-18 “Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.”
O jejum pode ser um simples regime alimentar. A Bíblia diz em Daniel 10:2-3 “Naqueles dias eu, Daniel, estava pranteando por três semanas inteiras. Nenhuma coisa desejável comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com ungüento, até que se cumpriram as três semanas completas.”

ESMOLA

Esmola na Nova Lei

A Nova Lei pratica os atos da religião - a esmola, a oração e o jejum -, ordenando-os ao "Pai que vê no segredo", em contraste com o desejo "de ser visto pelos homens". Sua oração é o "Pai-Nosso."

Esmola forma de penitência

A penitência interior do cristão pode ter expressões bem variadas. A escritura e os padres insistem principalmente em três formas: o jejum, a oração e a esmola, que exprimem a conversão com relação a si mesmo, a Deus e aos outros. Ao lado da purificação radical operada pelo batismo ou pelo martírio, citam, como meio de obter o perdão dos pecados, os esforços empreendidos para reconciliar-se com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade, "que cobre uma multidão de pecados" (1Pd 4,8).

Os tempos e os dias de penitência ao longo do ano litúrgico (o tempo da quaresma, cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja. Esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às peregrinações em sinal de penitência, às privações voluntárias como o jejum e a esmola, à partilha fraterna (obras de caridade e missionárias).

Esmola obra de caridade e de misericórdia

As obras de misericórdia são as ações caritativas pelas quais socorremos o próximo em suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar são obras de misericórdia espiritual, como também perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporal consistem sobretudo em dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, dar moradia aos desabrigados, vestir os maltrapilhos, visitar os doentes e prisioneiros, sepultar os mortos. Dentre esses gestos de misericórdia, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna. E também uma prática de justiça que agrada a Deus.

Quem tiver duas túnicas, reparta-as com aquele que não tem, quem tiver o que comer, faça o mesmo (Lc 3,11). Dai o que tendes em esmola, e tudo ficará puro para vós (Lc 11,41). Se um irmão ou uma irmã não tiverem o que vestir e lhes faltar o necessário para a subsistência de cada dia, e alguém dentre vós lhes disser "Ide paz, aquecei-vos e saciai-vos, e não lhes der o necessário para manutenção, que proveito haverá nisso? (Tg 2, 15-16).


A esmola dada aos pobres é um testemunho de caridade fraterna; é também uma prática de justiça que agrada a Deus.

Confessar-se, por quê?

A reconciliação e a beleza de Deus


Tratemos de compreender juntos o que é a confissão: se o compreender verdadeiramente, com a mente e com o coração, sentirá a necessidade e a alegria de fazer experiência deste encontro, no qual Deus, dando-lhe seu perdão mediante o ministro da Igreja, cria em você um coração novo, põe em você um Espírito novo, para que possa viver uma existência reconciliada com Ele, consigo mesmo e com os outros, legando a ser você também capaz de perdoar e amar, além de qualquer tentação de desconfiança e cansaço.

Por que se confessar?

Entre as perguntas que meu coração de bispo se faz, escolho uma que me fazem sempre: por que há que se confessar? É uma pergunta que sempre é feita de muitas formas: por que ir a um sacerdote para dizer os próprio pecados e não se pode fazer diretamente a Deus, que nos conhece e compreende muito melhor que qualquer interlocutor humano? E, de maneira mais radical: por que falar de minhas coisas, especialmente daquelas das quais me envergonho até comigo mesmo, a alguém que é pecador como eu, e que talvez valorize de modo completamente diferente ao meu minha experiência, ou não a compreende totalmente? O que ele sabe do que é pecado para mim? Alguém acrescenta: e além disso, existe verdadeiramente o pecado, ou é só uma invenção dos sacerdotes para que nos comportemos bem?

A esta última pergunta creio que possa responder em seguida e sem temor que me desmintam: o pecado existe, e não só é mal, como faz mal. Basta ver a cena cotidiana do mundo, onde se dissipa a violência, guerras, injustiças, abusos, egoísmos, ciúmes e vinganças (exemplo deste «boletim de guerra» nos é dado hoje pelas notícias nos jornais, rádio, televisão e internet). Quem acredita no amor de Deus, além disso, percebe que o pecado é amor isolado sobre si mesmo («amor curvus», «amor fechado», diziam os medievais), ingratidão de quem responde ao amor com a indiferença e a rejeição. Esta rejeição tem conseqüências não só em quem o vive, mas também em toda a sociedade, até produzir condicionamentos e entrelaçamentos de egoísmos e de violências que se constituem em autênticas «estruturas de pecado» (pensemos nas injustiças sociais, na desigualdade entre países ricos e pobres, no escândalo da fome no mundo…). Justamente por isto não se deve duvidar em sublinhar quão grande é a tragédia do pecado e como a perda de sentido do pecado –muito diferente dessa enfermidade da alma que chamados «sentimento de culpa»– debilita o coração diante do espetáculo do mal e das seduções de Satanás, o adversário que tenta nos separar de Deus.

A experiência do perdão



O Apóstolo Paulo descreveu com precisão esta experiência: «Há em mim o desejo do bem, mas não a capacidade de realizá-lo; com efeito, eu não faço o bem que quero, mas o mal que não quero» (Romanos 7, 18s). É o conflito interior do qual nasce a invocação: «Quem me libertará deste corpo que me leva à morte?» (Romanos 7, 24).

Apesar de tudo, contudo, não creio em poder afirmar que o mundo é mau e que fazer o bem é inútil. Pelo contrário, estou convencido de que o bem existe e é muito maior que o mal, que a vida é bela e que viver retamente, por amor e com amor, vale verdadeiramente a pena. A razão profunda que me leva a pensar assim é a experiência da misericórdia de Deus que faço em mim mesmo e que vejo resplandecer em tantas pessoas humildes: é uma experiência que vivi muitas vezes, tanto dando o perdão como ministro da Igreja, como o recebendo. Há anos que me confesso com regularidade, várias vezes ao mês e com alegria de fazê-lo. A alegria nasce do sentir-me amado de modo novo por Deus, cada vez que seu perdão me alcança através do sacerdote que me dá em seu nome. É a alegria que vi sempre no rosto de quem vinha confessar-se: não o fútil sentido de alívio de quem «esvaziou o saco» (a confissão não é um desabafo psicológico nem um encontro consolador, ou não o é principalmente), mas a paz de sentir-se bem «dentro», tocados no coração por um amor que cura, que vem de cima e nos transforma. Pedir com convicção o perdão, recebê-lo com gratidão e dá-lo com generosidade é fonte de uma paz impagável: por isso, é justo e é bonito confessar-se. Queria partilhar as razões desta alegria a todos aqueles aos quais consiga chegar com esta carta.

Confessar-se com um sacerdote?


O fiel me perguntas então: por que há que se confessar a um sacerdote os próprios pecados e não se pode fazer diretamente a Deus? Certamente, a pessoa se dirige sempre a Deus quando confessa os próprios pecados. Que seja, contudo, necessário fazê-lo também diante de um sacerdote o próprio Deus nos faz compreender: ao enviar seu Filho com nossa carne, demonstra querer encontrar-se conosco mediante um contato direto, que passa por meio dos sinais e das linguagens de nossa condição humana. Assim como Ele saiu de si mesmo por nosso amor e veio a «nos tocar» com sua carne, também nós somos chamados a sair de nós mesmos por seu amor e ir com humildade e fé a quem pode nos dar o perdão em seu nome com a palavra e com o gesto. Só a absolvição dos pecados que o sacerdote te dá no sacramento pode comunicar-te a certeza interior de ter sido verdadeiramente perdoado e acolhido pelo Pai que está nos céus, porque Cristo confiou ao ministério da Igreja o poder de atar e desatar, de excluir e de admitir na comunidade da aliança (Cf. Mateus 18, 17). É Ele que, ressuscitado da morte, disse aos Apóstolos: «Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os reterdes, serão retidos» (João 20, 22-23). Portanto, confessar-se com um sacerdote é muito diferente de fazê-lo no segredo do coração, exposto a tantas inseguranças e ambigüidades que enchem a vida e a história. Tu sozinho não saberás nunca verdadeiramente se quem te tocou foi a graça de Deus ou tua emoção, se quem te perdoou foi tu mesmo ou foi Ele pela via que Ele escolheu. Absolvido por quem o Senhor elegeu e enviou como ministro do perdão, poderás experimentar a liberdade que só Deus dá e compreenderás porque se confessar é fonte de paz.

Um Deus próximo a nossa fraqueza

A confissão é, portanto, o encontro com o perdão divino, que nos é oferecido em Jesus e que nos é transmitido mediante o ministério da Igreja. Neste sinal eficaz da graça, encontro com a misericórdia sem fim, é-nos oferecido o rosto de um Deus que conhece como ninguém nossa condição humana e se faz próximo com terno amor. Os inumeráveis episódios da vida de Jesus nos demonstram, desde o encontro com a Samaritana à cura do paralítico, desde o perdão à adúltera às lágrimas diante da morte do amigo Lázaro... Desta proximidade terna e compassiva de Deus temos imensa necessidade, como demonstra também um simples olhar para nossa existência: cada um de nós convive com a própria fraqueza, atravessa a enfermidade, assoma à morte, adverte o desafio das perguntas que tudo isto cria no coração.

Salmo 91



Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo,
à sombra do Onipotente descansará.
Direi do Senhor:
Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nEle confiarei.

Porque Ele te livrará do laço do passarinheiro,
e da peste perniciosa.
Ele te cobrirá com as suas penas,
e debaixo das suas asas estarás seguro:
a sua verdade é escudo e broquel.

Não temerás espanto noturno, nem seta que voe de dia,
nem peste que ande na escuridão,
nem mortandade que assole ao meio dia.
Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita,
mas tu não serás atingido,

Somente com os teus olhos olharás, e verás a recompensa dos ímpios.
Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio,
o Altíssimo é a tua habitação.

Nenhum mal te sucederá,
nem praga alguma chegará a tua tenda.
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito,
para te guardarem em todos os teus caminhos,
eles te sustentarão nas suas mãos,
para que não tropeces com o teu pé em pedra.

Pisarás o leão e o áspide,
calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
Pois que tão encarecidamente me amou, também Eu o livrarei,
pô-lo-ei num alto retiro, porque conheceu o meu nome.
Ele me invocará, e Eu lhe responderei,
estarei com ele na angústia, livra-lo-ei e o glorificarei.
Dar-lhe-ei abundância de dias,
e lhe mostrarei a minha salvação.

Amém !

O significado das Cinzas


O uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testamento. As cinzas simbolizam dor, morte e penitência. Por exemplo, no livro de Ester, Mardoqueu se veste de saco e se cobre de cinzas quando soube do decreto do Rei Asuer I (Xerxes, 485-464 antes de Cristo) da Pérsia que condenou à morte todos os judeus de seu império. (Est 4,1). Jó (cuja história foi escrita entre os anos VII e V antes de Cristo) mostrou seu arrependimento vestindo-se de saco e cobrindo-se de cinzas (Jó 42,6). Daniel (cerca de 550 antes de Cristo) ao profetizar a captura de Jerusalém pela Babilônia, escreveu: "Volvi-me para o Senhor Deus a fim de dirigir-lhe uma oração de súplica, jejuando e me impondo o cilício e a cinza" (Dn 9,3). No século V antes de Cristo, logo depois da pregação de Jonas, o povo de Nínive proclamou um jejum a todos e se vestiram de saco, inclusive o Rei, que além de tudo levantou-se de seu trono e sentou sobre cinzas (Jn 3,5-6). Estes exemplos retirados do Antigo Testamento demonstram a prática estabelecida de utilizar-se cinzas como símbolo (algo que todos compreendiam) de arrependimento.

O próprio Jesus fez referência ao uso das cinzas. A respeito daqueles povos que recusavam-se a se arrepender de seus pecados, apesar de terem visto os milagres e escutado a Boa Nova, Nosso Senhor proferiu: "Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e as cinzas. (Mt 11,21)
Já no período medieval, por volta do século VIII, aquelas pessoas que estavam para morrer eram deitadas no chão sobre um tecido de saco coberto de cinzas. O sacerdote benzia o moribundo com água benta dizendo-lhe: "Recorda-te que és pó e em pó te converterás". Depois de aspergir o moribundo com a água benta, o sacerdote perguntava: "Estás de acordo com o tecido de saco e as cinzas como testemunho de tua penitência diante do Senhor no dia do Juízo?" O moribundo então respondia: "Sim, estou de acordo". Se podem apreciar em todos esses exemplos que o simbolismo do tecido de saco e das cinzas serviam para representar os sentimentos de aflição e arrependimento, bem como a intenção de se fazer penitência pelos pecados cometidos contra o Senhor e a Sua igreja. Com o passar dos tempos o uso das cinzas foi adotado como sinal do início do tempo da Quaresma; o período de preparação de quarenta dias (excluindo-se os domingos) antes da Páscoa da Ressurreição. O ritual para a Quarta-feira de Cinzas já era parte do Sacramental Gregoriano. As primeiras edições deste sacramental datam do século VII. Na nossa liturgia atual da Quarta-feira de Cinzas, utilizamos cinzas feitas com os ramos de palmas distribuídos no ano anterior no Domingo de Ramos. O sacerdote abençoa as cinzas e as impõe na fronte de cada fiel traçando com essas o Sinal da Cruz. Logo em seguida diz: "Recorda-te que és pó e em pó te converterás" ou então "Arrepende-te e crede no Evangelho".

Devemos nos preparar para o começo da Quaresma compreendendo o significado profundo das cinzas que recebemos. É um tempo para examinar nossas ações atuais e passadas e lamentarmo-nos profundamente por nossos pecados. Só assim poderemos voltar nossos corações genuinamente para Nosso Senhor, que sofreu, morreu e ressuscitou pela nossa salvação. Além do mais esse tempo nos serve para renovar nossas promessas batismais, quando morremos para a vida passada e começamos uma nova vida em Cristo.

Finalmente, conscientes que as coisas desse mundo são passageiras, procuremos viver de agora em diante com a firme esperança no futuro e a plenitude do Céu.